"Para mim, a realidade é um pouco dura", admite Rossy de Palma, 57. "Prefiro fluir e descobrir. Sou como uma borboleta." A estrela recorrente dos filmes do diretor Pedro Almodóvar e modelo de longa data de Jean Paul Gaultier vai se tornar um artista multidisciplinar e um mamãe (para Luna, 22, e Gabriel, 23), mas qualquer coisa além disso é considerada muito restritiva. "Só acredito em limites gastronômicos", brinca. "Se eu me defino, eu me limito."

O senso de individualismo de De Palma se manifestou em uma idade jovem. Nascida em Maiorca, na Espanha, ela confessa sentir que nunca se encaixou, nem queria particularmente, preferindo canalizar suas energias para a poesia e o balé. "Eu era uma foda desde o início", diz ela. "Nunca precisei da aprovação de ninguém. É uma atitude – apenas posar e dizer: 'Olha, isso é o que eu sou, e eu não dou a mínima se você não gosta disso. Ou se você gosta, eu também não dou a mínima para isso. Em francês dizem: 'Ne te laisse pas faire,' que se traduz em 'Não deixe que eles te peguem.' [Mulheres fodas] são alérgicas a besteiras."

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Se me defino, me limito.

Quando se mudou para Madrid no final dos anos 80, de Palma mergulhou de cabeça na cruzada da contracultura La Movida Madrileña — uma era de liberdade artística após a morte do ditador fascista Francisco Franco. "Não estávamos pensando em dinheiro ou celebridade", lembra ela. "Estávamos nos expressando com total liberdade. Foi uma intenção muito espontânea e experimental de criar algo engraçado e visionário." Almodóvar também esteve em cena, e os dois inicialmente se conectaram pela banda new wave de Palma, Peor Impossível. O autor underground então pediu a De Palma que ajudasse a costurar figurinos para seu filme de 1987 Lei do desejo, e ela também conseguiu uma pequena parte. Isso deu origem a uma parceria duradoura que evoluiu ao longo de oito filmes e quase quatro décadas — incluindo duas indicações ao Prêmio Goya (a versão espanhola do Oscar) para De Palma.

Rossy de Palma

Rossy de Palma com jaqueta e brincos Saint Laurent by Anthony Vaccarello.

| Crédito: Pablo Sáez

No mais recente lançamento de Almodóvar, indicado ao Globo de Ouro Mães Paralelas, de Palma interpreta Elena, uma poderosa editora de revista e a melhor amiga de Janis, uma mãe solteira resiliente interpretada por Penélope Cruz. "Elena ama as mulheres e está secretamente apaixonada pela personagem de Penélope", diz de Palma. "Ela é emocional, mas dura - uma mulher que pode lidar com sua vida sem problemas, sabe?"

Enquanto Almodóvar ajudou de Palma a começar no mundo da atuação, ela agora tem um portfólio prolífico que inclui filmes com Robert Altman (Prêt-à-Porter, 1994) e Terry Gilliam (O Homem que Matou Dom Quixote, 2018), entre outros. Um de seus projetos recentemente finalizados é um remake moderno da ópera Carmem, em que de Palma cantou e dançou para o coreógrafo e diretor estreante Benjamin Millepied.

No mundo da moda, de Palma tornou-se uma das musas de Gaultier; ele a escalou repetidamente em seus desfiles, incluindo sua última coleção de alta costura da primavera de 2020. Ela também desenvolveu laços criativos com outros designers, como Thierry Mugler, Alexander McQueen e o falecido Azzedine Alaïa. "Com Jean Paul, Alaïa e outros, como Christian Louboutin, [nossa conexão] é mais do que apenas uma história de moda", diz ela. "Eles, junto com o Pedro, claro, são minha família. Eu os admiro muito por seu talento, mas além disso, eu os amo."

As imagens aspiracionais e elegantes que são regularmente compartilhado na conta do Instagram de Palma demonstrar que a moda faz parte de sua força vital tanto quanto qualquer outra coisa. "Para mim é arte", diz ela. "Os designers que criam com intenção são artistas. A maneira como nos vestimos é como uma linguagem emocional para nos comunicarmos com os outros através de nossas roupas."

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Rossy de Palma

Beauty Beat: Uma varredura do fogo. O Batom Matte da MAC Cosmetics em Chili (US$ 19) é uma maneira infalível de dar um up no seu visual. Cabelo: Yoann Fernandez para Artlist Paris. Maquiagem: Megumi Itano para Agência Calliste. Manicure: Eri Narita.

| Crédito: Pablo Sáez

Parte da mística global de de Palma é sua capacidade de se adaptar aonde quer que vá. Ela é quadrilíngue e mantém uma casa em Paris. Seus parentes são do país basco da Espanha com ascendência celta ("quero dizer, este é um nariz celta"), e sente afinidade tanto pela Andaluzia no sul como pela África, especificamente pelo Senegal, onde também família. Sua vivacidade foi recompensada além dos elogios típicos da indústria. Em 2013 foi nomeada Cavaleiro da Ordem das Artes e Letras pelo Ministério da Cultura da França e em 2019 recebeu a Medalha de Ouro de Mérito em Belas Artes de sua pátria.

Ultimamente, ela diz, o que a mantém mais inspirada é uma grande mudança social e a onda de poder feminino que veio com ela. “Estou descobrindo muitas mulheres – roteiristas, diretoras – que agora estão acordando de algum, sei lá, pesadelo eterno”, diz ela. "Antes era tipo, 'Oh meu Deus, como posso lidar com o trabalho, com as crianças, com a família, o que for?' Agora não há mais essa culpa. Estamos bem abertos para o nosso futuro. Tudo está acontecendo para nós."

Sentir uma sensação de apreço por este momento em sua vida e carreira é fácil para de Palma. Uma de suas poucas regras é manter-se o mais positivo possível. "Reclamar é um desperdício estúpido de tempo e energia", diz ela. "Quanto mais gratidão você tem, mais ela cresce, como quando você abre uma garrafa de champanhe. A gratidão tem bolhas!"

Fotografia: Pablo Sáez. Estilizado por: Alba Melendo Garciá. Cabelo: Yoann Fernandez para Artlist Paris. Maquiagem: Megumi Itano para Agência Calliste. Manicure: Eri Narita.

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